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O corpo é o ponto de partida, onde sentimento e pensamento se materializam em construção

  • Foto do escritor: BLOG OFICINA
    BLOG OFICINA
  • 15 de mai. de 2022
  • 22 min de leitura


Gustavo de Oliveira Martins

EAU UFF - Universidade Federal Fluminense


Rhythm 0 (1974) é uma conhecida obra de arte performática criada por Marina Abramović, artista Sérvia considerada, por muitos críticos, uma das mais importantes do século XX. Nesta performance, a artista ficou imóvel durante 6 horas e disponibilizou 72 objetos que poderiam dar prazer ou dor para serem utilizados pelo público da maneira que eles bem entendessem no seu corpo. Em uma mesa, por exemplo, estavam batom, vinho, uvas, e na outra, tesoura, garfo, faca, chicote e uma arma carregada com uma bala. Logo, no início, o público reagiu com precaução e pudor, no entanto, em poucos minutos, os espectadores começaram a atuar com violência e agressividade, deixando a artista ao final, com as roupas rasgadas, tratando-a como um objeto a ser usado e manipulado, sem qualquer chance de reação. A artista chegou a ter a pistola disponibilizada em uma das mesas apontada para o seu pescoço.


Em seu livro de memórias, Marina (2017) conta que no momento em que isso aconteceu, alguém da plateia retirou de maneira truculenta o indivíduo que manipulava a pistola em suas mãos perigosamente, pois parte dos presentes obviamente queria protege-la, já outros, certamente desejavam que a performance prosseguisse.


Como em um transe coletivo, a plateia se tornou cada vez mais atuante até o término da performance. No dia seguinte, a galeria recebeu dezenas de telefonemas de pessoas que tinham participado da apresentação, pois não entendiam direito o que tinha acontecido enquanto estavam lá, pois não tinha consciência do que tinha se apossado delas.


O desejo da artista, nessa performance, foi justamente demonstrar as contradições do público presente, pois uma vez imóvel, como um objeto, o que o público seria capaz de fazer? No final das contas, Marina fez do conjunto corpo e público o próprio objeto de arte, pois a partir de sua visão de mundo, é por meio da percepção do corpo que se vive quotidianamente a verdadeira experiência estética. Nos seus trabalhos, ela vivencia essa experiência, por muitas vezes como receptora, buscando revelar através de sua condição de “objeto”, reações profundas naqueles que se envolvem com a atmosfera criada por sua desejada condição de momento.


É a partir de experiências, como as propostas pelos artistas performáticos, que a arte passa a ser compreendida como uma forma de expressão que permite ao espectador uma nova maneira de compreensão do mundo, que não pode ser alcançada através de outros meios. A obra de arte é vista como uma entidade viva, que tem uma presença física no mundo e que é capaz de influenciar a percepção do espectador, como também a de ser influenciada por ele. O espectador não é um observador passivo, mas sim, um participante ativo na experiência estética, que emerge da relação entre a obra de arte e o espectador. Ao mesmo tempo, a obra de arte não é vista como um objeto isolado, mas sim como um elemento que está em constante interação com o ambiente ao seu redor.


O corpo constitui a partir dessa abordagem artística, o ponto de vista do ser-no-mundo, ou seja, no campo de relações, o corpo representa a transição do "eu" para o mundo, ele está do lado do sujeito e, ao mesmo tempo, envolvido no mundo.


Nesse caso, é a partir da questão do “eu”, que inevitavelmente, a dimensão corporal pode fazer ponte direta com a consciência do espaço e lugar, e nesse caso, quando munidos da abordagem Fenomenológica, parece possível assimilar o importante papel que o corpo tem de poder contribuir para a leitura espacial, assim como, para a percepção de elementos que caracterizam a essência de um determinado território experiênciado.


Ao relacionar fenomenologia da percepção com a arte performática, se evidencia uma abordagem que privilegie a experiência corporificada do espectador, onde o sujeito não mais é entendido como mero objeto, e sim, é um sujeito que reage, que olha, sente e, a partir da experiência através do corpo fenomenal, reconhece o espaço como expressivo e simbólico. A arte, nesse caso, é vista como uma forma de expressão que permite ao espectador uma nova forma de compreensão do mundo, que não pode ser alcançada através de outros meios, já que, a experiência estética é, portanto, uma forma de compreender o mundo através do corpo.


Merleau-Ponty (2011) considera que o corpo é a nossa principal referência espacial e que o espaço deve ser compreendido não só a partir dele, mas também como uma extensão dele, fazendo desse fato o sentido de experiência das coisas. Para o autor, a percepção é uma forma de compreensão do mundo, que envolve tanto os aspectos físicos do mundo, quanto a experiência subjetiva do indivíduo. Nessa perspectiva, o corpo é entendido como o veículo da percepção, sendo a fonte de toda a experiência sensorial do indivíduo.


Ao contrário de outras correntes filosóficas, que veem a mente como um espaço isolado do corpo, a fenomenologia a partir da ótica da percepção de Merleau-Ponty, enfatiza a relação inseparável entre o corpo e a mente. A mente não pode ser vista como um espaço isolado do corpo, mas sim como uma experiência que emerge da relação entre o corpo e o mundo.


A experiência através do corpo é, portanto, uma das principais preocupações da fenomenologia da percepção debatida por Merleau-Ponty, que apresenta a ideia de que a percepção não pode ser vista como um processo puramente mental, que ocorre em um espaço isolado do corpo. Para o autor, o corpo é entendido como uma estrutura vivencial, que está em constante interação com o ambiente ao seu redor. O corpo é o ponto de partida para toda a experiência, e é a partir dele que se desenvolve a compreensão do mundo que nos cerca.


A inter-relação do eu, o outro e o mundo (as coisas) faz com que o mundo fenomenológico não seja a explicitação de um ser prévio ou a concepção de uma preexistência, mas a fundação do sentido do ser. O “eu” existe no mundo pelo corpo, e é através dessa existência que, com o corpo, percebemos o mundo. O corpo é entendido como um espaço expressivo que projeta suas significações no mundo exterior, atribuindo-lhes um lugar e fazendo-as existir como coisas, da mesma forma, o mundo exterior se projeta no corpo, lhe atribui um sentido e uma existência, pois, quando sujeito dos sentidos, o corpo é parte da experiência cotidiana.


Merleau-Ponty (2011) também propõe que a percepção humana está relacionada com a manifestação da consciência no compromisso corporal diário com o mundo. Portanto, o mundo não é separável da nossa experiência do mundo; é o nosso mundo experiente, pois “[...] todo o saber se instala nos horizontes abertos pela percepção” (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 280). E, portanto, o mundo experiente está fundamentalmente relacionado ao nosso corpo, o corpo como um “corpo vivido”, encarnado, não como um objeto.


Por esse motivo, é importante entendermos que não ocupamos o espaço, e sim o habitamos. Nos relacionamos com ele como uma mão para um instrumento; portanto, devemos evitar dizer que nosso corpo está no espaço ou no tempo. Desta forma, “espaço” não é um recipiente no qual estou localizado; na verdade, eu sou o espaço. Eu vivo o espaço, e meu corpo habita.


Assim sendo, podemos dizer que estou tão combinado com o mundo, que sou mundo. Se eu sou meu mundo, se também sou lugar, se é minha perspectiva de mundo que me torna consciente, também é importante considerar que o mundo consiste em um campo de materiais correlacionados e não objetos isolados. Pois quando mundo, espaço ou lugar, a percepção está fundamentalmente relacionada à textura, ao fundo, ao espaço entre as coisas e seus elementos experienciados.


Essa perspectiva se opõe à visão tradicional, que vê o espaço como um objeto inerte e passivo, e o corpo como um agente ativo que o ocupa e controla. Para Merleau-Ponty, essa visão simplista ignora a complexidade da relação entre o corpo e o espaço, e não leva em conta as dimensões subjetivas e corporificadas da percepção.


Ao invés disso, Merleau-Ponty propõe que a relação entre o corpo e o espaço é uma relação de habituação, que envolve uma percepção ativa e uma participação do corpo no ambiente. O corpo é visto como um centro de percepção e ação, que se expande e se contrai em relação ao ambiente ao seu redor, estabelecendo uma relação dinâmica e simbiótica com o espaço.


Essa perspectiva tem implicações importantes para a compreensão da experiência estética, especialmente em relação à arte contemporânea. A arte contemporânea muitas vezes desafia as convenções tradicionais de percepção do espaço e do corpo, e muitas vezes propõe novas formas de habitação e participação no ambiente.


Desta forma, a ideia de percepção defendida por Merleau-Ponty (2011) significa tomar para si algo em seu contexto, na sua relação com o entorno e na forma como existe no mundo. É interessante notar que o ato de se conceber uma ideia não pode ser alimentado por significações preconcebidas, pois, se assim for, essas condições funcionam como uma vestimenta ou um cobertor, envelopando com um véu a verdade contida na essência das coisas.


A experiência é constituída de sentimento e pensamento. O sentimento humano não é uma sucessão de sensações distintas; mais precisamente, a memória e a intuição são capazes de produzir impactos sensoriais no cambiante fluxo da experiência, de modo que poderíamos falar de uma vida do sentimento como falamos de uma vida do pensamento. É uma tendência comum refletir-se ao sentimento e pensamento como opostos, um registrando estados subjetivos, o outro reportando-se a realidade objetiva. De fato, estão próximos as duas extremidades de um continuam experiencial, e ambos são maneiras de conhecer. (TUAN, 2015b, p. 85).


Segundo essa visão, é possível definir dois tipos de relação eu-mundo que se relacionam e alimentam mutuamente, sendo a primeira uma relação puramente imediata, e a segunda uma relação em que o tempo traria a memória pessoal e a imaginação. Portanto, faz sentido pensarmos que a percepção se baseia na intensidade da experiência e na suspensão do tempo. O indivíduo que constitui e polariza a “casa” fenomenológica é um indivíduo cuja experiência do espaço provém tanto das lembranças e rememorações do passado quanto das experiências sensoriais do presente: o seu passado não é um passado transcendente, relacionado à linhagem, mas um passado imanente e individual, relacionado à infância e à dupla ação do segredo e da descoberta (SANTOS; SILVA, 2014, p. 114-128).


Assim, quando nos referimos à arquitetura e ao papel do corpo nessa esfera de entendimento conceitual, a abordagem fenomenológica seria a junção de múltiplos espaços, cada um com a sua própria identidade, definida pelos seus próprios e diferenciados atributos topológicos; ou seja, essa visão partiria da ideia de fragmentação do conjunto numa soma de espaços autônomos. Este passa a ser um “ente habitado” por estímulos e reações, por vetores, por desejos e afetos que orientam, antecipam e dão sentido às coisas, e ao nosso corpo entre elas.


Ao contrário da abordagem existencial, que procura a estabilidade, a abordagem fenomenológica surge como um ser entreaberto, um ambiente de transição onde se regulariam os intercâmbios e se organizaria uma certa complexidade labiríntica, sempre em busca da intensificação da experiência e onde se constata a relação comprometida e ativa com o meio físico através do corpo, ao contrário da visão existencial, cuja relação com o ambiente é de natureza defensiva e fortemente psicológica.


Atualmente, é possível dizer que as relações entre as artes e sua compreensão fenomenológica têm influenciado vários estudos sobre a percepção e suas relações com o conhecimento. Para a fenomenologia, sentir ou perceber algo é motivado pelas propriedades ativas com as quais temos contato, e não apenas por simples qualidades lógicas. Assim, para compreender a percepção, a noção de sensação é fundamental.


No entanto, para a abordagem fenomenológica, a definição do sentir não se configura como um estado ou uma qualidade, nem se dá a partir da consciência de um estado ou de uma qualidade, como definiu o empirismo e o intelectualismo. Ao contrário, o sentir só pode ser compreendido através de uma experiência corporal. “A cor, antes de ser vista, anuncia-se então pela experiência de certa atitude de corpo que só convém a ela e com determinada precisão” (MERLEAU-PONTY, 2011).


Na concepção fenomenológica da percepção, como vimos, a apreensão dos sentidos se faz pelo corpo, tratando-se de uma expressão criadora, a partir dos diferentes olhares sobre o mundo. Portanto, é preciso enfatizar a experiência do corpo como campo criador de sentidos, isso porque a percepção não é uma representação mentalista, mas um acontecimento da corporeidade e, como tal, da existência.


Portanto, nos situamos nas coisas, dispostos a habitá-las com todo nosso ser. As sensações aparecem associadas a movimentos, e cada objeto convida à realização de um gesto, não havendo, pois, representação, mas criação, novas possibilidades de interpretação das diferentes situações existenciais.


Esse conceito de percepção com o qual se pretende considerar parte deste debate só é possível porque se abraça a ideia de Merleau-Ponty (2011), que sugere o rompimento exclusivo da noção de corpo-objeto, reconhecendo o espaço como expressivo e simbólico. Essa abordagem, também se refere ao campo da subjetividade e da historicidade, ao mundo dos objetos culturais, das relações sociais, do diálogo, das tensões, das contradições e do amor como amálgama das experiências afetivas.


A relação de uma criança hipotética com uma vela acesa muda radicalmente após esta ter se queimado ao admirar a chama [...] após a queimadura, a criança percebe o fogo não mais como algo bonito e misterioso, ela não tem mais vontade de colocar a mão na chama, mas a encara como algo repulsivo, devido ao sofrimento que ele outrora causara. [...] Concluindo, portanto, que a visão já é habitada por um sentido que lhe dá uma função no espetáculo do mundo, assim como em nossa existência. E, contrariamente àquilo proposto pelos empiristas, não é o sentir que nos dá uma ‘qualidade’ extraída do mundo, mas ele investe a qualidade de um valor vital. E esse investimento só ocorre a partir da experiência que o corpo possui em relação às coisas no mundo, sendo que este último sempre comporta uma referência ao corpo. (MERLEAU- PONTY apud MARQUES, 2017, p. 54-55).


Portanto, não é difícil justificar que tudo o que percebemos possua um certo ar de indeterminação, já que não existe, segundo essa abordagem, praticamente coisa alguma que possa ser vista, ouvida, sentida com cem por cento de clareza, de maneira a constituir uma ideia das coisas por inteiro.


Nesse caso, se fosse possível uma consciência constituinte universal, a opacidade do fato desapareceria e, por esse motivo, o fato mesmo, como o percebemos, seria impossível. Os fatos não são transparentes e não se apresentam inteiros a nossa percepção, mas sim em um campo de percepção sempre inacabado e onde suas partes sempre reenviam a um todo que nos escapa atualmente, mas que é presente em perspectiva.


A percepção, dentro do esfera fenomenológica, é compreendida através da noção de campo, não existindo sensações elementares nem objetos isolados. Assim, a percepção não é o conhecimento exaustivo e total do objeto, mas uma interpretação sempre provisória e incompleta, surgindo como um ser entreaberto.


“[...] o mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; estou aberto ao mundo comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável” (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 83-111).


Os objetos e os fenômenos atrelados ao mundo, segundo Merleau-Ponty, são subsídios da percepção realizada pelo sujeito, que sente o seu mundo ou, ainda, seu espaço e, nesse sentido, tem-se caracterizada a experiência, como termo geral para os vários modos através dos quais uma pessoa conhece seu mundo. E, em alguns momentos, alguns modos sensoriais são mais passivos e diretos que outros, porém esse fato está diretamente relacionado à maneira como o indivíduo se envolve com os sentidos, já que temos, a partir da mesma abordagem, percepções cognitivas pessoais.


De maneira geral, sentimos o mundo que nos circunscreve por meio dos sentidos (do gosto, da visão, do cheiro e do toque), embora estejamos simplesmente registrando mentalmente sensações provocadas por estímulos externos.


Uma construção, que em seu texto Heidegger exemplifica com uma ponte, é em si mesma um lugar, dando ao espaço uma instância e uma circunstância. ‘A partir dessa circunstância determinam-se os lugares e os caminhos pelos quais se arruma, se dá espaço a um espaço. Coisas, que desse modo são lugares, são coisas que propiciam a cada vez espaços’ (HEIDEGGER, s.d., p. 6). Dessa forma, então, ao contrário do que tradicionalmente se pensa na geografia, são os lugares que constituem e delimitam o espaço. (HOLZER, 2013, p. 21).


No desenvolvimento de um projeto arquitetônico, uma das primeiras ações previstas por arquitetos e urbanistas é o reconhecimento da região e do lugar específico de trabalho. Historicamente, esse reconhecimento é detido por meio de várias ferramentas de levantamentos de dados, impostas por um sistema positivista que prevalece já a muitos anos. Portanto, entender os aspectos provenientes do lugar e espaço são fundamentais para o processo de projetação de um arquiteto e urbanista, que relacionará este exercício de entendimento as diversas escalas de entendimento do território.


Para o bem da arquitetura e do urbanismo, a conduta “padrão” de análise e caracterização de um determinado território, não pode ser entendia como a única a ser adotada. Entendemos que se faz necessário implodir a perspectiva única contida em abordagens positivistas e estruturantes. Cabe estimularmos possibilidades que façam desta investigação resultado de olhares experienciados, repletos do pensar e sentir. Abertos a dinâmica das vivências cotidianas.


O procedimento “padrão”, entende a ideia de espaço e o lugar a partir da natureza geográfica, no entanto, sob a perspectiva humanista, eles deveriam ser estudados por meio dos sentimentos e das ideias de um povo e suas experiências. Nesse caso, a ideia de espaço e lugar não se caracterizam apenas uma espécie de ideia, ao contrário, são um conjunto complexo destas ideias, que levam em conta, tanto as dimensões físicas, quanto, as sociais e culturais da geografia humana.


Para o filósofo Yi-Fu Tuan (2015a), o espaço é uma dimensão abstrata e universal, que se refere às relações espaciais entre os objetos e as pessoas. Por outro lado, o lugar é uma dimensão mais concreta e particular, que se refere à experiência pessoal e subjetiva que as pessoas têm do espaço. Enquanto o espaço é uma categoria analítica e objetiva, o lugar é uma categoria subjetiva e vivida.


Essa distinção entre espaço e lugar é fundamental para a compreensão da experiência humana do mundo e para apontar alternativas aos procedimentos hegemônicos.


O espaço é uma dimensão que existe independentemente das pessoas, e que pode ser representado por meio de mapas, imagens de satélite, e outras formas de representação cartográfica. Por outro lado, o lugar é uma dimensão que é vivida e experimentada pelas pessoas, e que está intrinsecamente ligado às suas emoções, memórias e identidades.


Para Tuan, o lugar é uma dimensão essencial para a compreensão da experiência humana do mundo. É através dos lugares que as pessoas constroem suas identidades e estabelecem relações com os outros. Os lugares são espaços vividos e sentidos, que são marcados por suas características físicas, culturais e históricas.


Por exemplo, uma cidade pode ser um espaço abstrato e universal, que pode ser representado em um mapa. No entanto, as pessoas vivem a cidade de forma diferente, e cada bairro, rua ou praça tem suas próprias características e significados culturais. Cada lugar tem sua própria história, suas próprias tradições, e sua própria identidade, que é construída pelas pessoas que vivem e experienciam o lugar.


Essa abordagem tem aspectos teóricos importantes para a compreensão da relação entre espaço e sociedade. Através da distinção entre espaço e lugar, podemos compreender a complexidade da experiência humana do mundo, e a importância das dimensões subjetivas e culturais para a construção da identidade e das relações sociais.


Na literatura de ficção, que tenta apreender a evolução comum da experiência humana, o espaço mantém uma relação dialética com o lugar: o espaço é oposto ao lugar, como o disforme é oposto ao formado. O lugar é um espaço estruturado. A palavra “espaço” é, então, quase que uma parte da experiência ocidental. Sendo um desafio traduzi-la para uma língua não europeia. Tempo é outra ideia complexa e esquiva. O termo inglês time pode ser traduzido em meia dúzia de palavras em birmanês. Os significados múltiplos de tempo podem, no entanto, reduzir-se a dois elementos: uma mudança direcional e uma repetição (LEACH, 1966 apud TUAN, 2015a).


A abordagem de Yi-Fu Tuan para o espaço e lugar é importante para a compreensão do que desejamos nesse trabalho, pois através de sua obra, podemos compreender a complexidade da relação entre espaço, cultura e identidade, e enfatizar a importância da dimensão subjetiva e vivida da experiência humana do mundo.


Nesse caso, a ideia de “lugar” deve ser caracterizada a partir da percepção de acolhimento e segurança, já o “espaço” deve ser entendido com a ideia que se refere à sensação de liberdade. Tuan exemplifica essa afirmação dizendo que estamos ligados ao primeiro, mas que desejamos o outro. Para ele, o lugar pode ser desde a velha casa, o velho bairro, a velha cidade ou a pátria. Para exemplificar sua ideia de espaço, Tuan cita os animais não humanos, cujos espaços são demarcados e defendidos contra invasores, já os lugares são centros aos quais atribuem valor, onde são satisfeitas as necessidades biológicas de comida, água, descanso e procriação.


Espaço e lugar determinam a natureza da ciência geográfica. Portanto, o lugar é uma unidade entre outras unidades ligadas pela rede de circulação:


[...] o lugar, no entanto, tem mais substância do que nos sugere a palavra localização: ele é uma entidade única, um conjunto ‘especial’, que tem história e significado. O lugar encarna as experiências e aspirações das pessoas. O lugar não é só um fato a ser explicado na ampla estrutura do espaço, ele é a realidade a ser esclarecida e compreendida sob a perspectiva das pessoas que lhe dão significado. (TUAN apud HOLZER, 1999, p. 70).


O lugar também possui valor representativo para a tendência humanística, pois para ela constitui um conjunto complexo e simbólico, que pode ser analisado a partir da experiência pessoal de cada indivíduo, ou em um contexto intersubjetivo (experiência em grupo) no espaço.


Ao contrário de lugar, a ideia de espaço é bem mais abstrata.


O que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. Os arquitetos falam sobre as qualidades espaciais do lugar, pois estas podem igualmente falar das qualidades locacionais do espaço, como é possível ver em Norberg-Schulz (2005).


Portanto, a partir dessa ótica, se faz necessário entender que os sentidos de “espaço” e “lugar” não podem ser definidos um sem o outro. É através da segurança e estabilidade do lugar que estamos cientes da amplidão, da liberdade e da ameaça do espaço, e vice-versa.


O lugar é uma classe especial de objeto. Gera concretude ao valor das coisas. Já o espaço é dado pela capacidade de mover-se. Seus movimentos frequentemente são dirigidos para, ou repelidos por, objetos e lugares.


Por isso o espaço pode ser experiênciado de várias maneiras.


Além disso, o espaço nem está no sujeito, nem o mundo está no espaço. Ao contrário, o espaço está no mundo à medida que o ser-no-mundo constitutivo da presença sempre descobriu um espaço. (HEIDEGGER, 2006 apud SEIBT, 2009, p. 527-541).


Sendo assim, é interessante observar que espaço e o lugar nos moldam inexoravelmente. Para tanto, faz-se necessária a atenção do próprio homem, que se torna um observador singular. Por conseguinte, por meio da percepção, o homem é capaz de alcançar aquilo que tanto deseja: realizar-se. E essa realização acontece por meio de sua incessante sede de conhecimento. O homem transcende o natural quando quer atingir o seu ser. Quase metaforicamente podemos dizer que o homem transcende no espaço e no lugar, assim como no tempo existencial.


De forma poética, espaço e lugar mantêm o homem como o ser-em-si que não cessa de realizar-se. Consequentemente, a imaginação, assim como o imaginário, faz do homem a imanência ativa de Si.


A partir desse aporte filosófico, é possível dizermos que a ideia de lugar passa a ter uma definição ampla, em que se abriga referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico. Trata-se, na realidade, de espacialidades carregadas de laços afetivos que desenvolvemos ao longo de nossas vidas na convivência com o lugar e com os outros. O conceito de lugar assume, então, um caráter subjetivo, uma vez que cada indivíduo já traz uma experiência direta com seu espaço, com o seu lugar – houve um profundo envolvimento com o local para adquirir tal pertencimento.


Tomados pelo sentido fenomenológico da definição de lugar, é possível acolhermos a visão de Heidegger, que define lugar existencial através da ideia de sua representação humanizada e concreta, pressupondo o habitar para adquirir significado e sentido. Ou seja, o lugar dito existencial é o lugar específico em que o homem habita, retomando a conclusões já tratadas nas reflexões anteriores. O habitar autêntico é sempre a construção de um lugar em que participam o homem e o divino em harmonia, e por meio dessa visão, é possível adotarmos também o pressuposto de que os espaços recebem a sua essência dos lugares.


Assim, o lugar também é sujeito, e apresenta-se através do tempo existencial (memórias, desejos, utensílios e outros). Quem o habita, precisa compreender o mundo para conseguir projetar-se nele. A casa deste sujeito que se questiona sobre si mesmo, é algo mais que um marco neutro, nela habita quem pensa em si mesmo, e este pensamento, por sua vez, é que habita a casa.


A casa adquire as energias físicas e morais de um corpo humano. Ela curva as costas sob o aguaceiro, retesa os rins. Sob as rajadas, dobra-se quando é preciso dobrar-se, segura de poder endireitar-se de novo no momento certo, desmentindo sempre as derrotas passageiras. A casa convida o homem a um heroísmo cósmico. Eu um instrumento para afrontar o cosmos. As metafisicas do homem atirando no mundo poderiam meditar concretamente sobre a casa atirada na borrasca, desafiando a cólera do céu. Contra tudo e contra todos, a casa nos ajuda a dizer: serei um habitante do mundo, apesar do mundo. O problema não é somente um problema do ser, é um problema de energia e, consequentemente, de contra-energia. Nessa comunhão dinâmica entre o homem e a casa, nessa rivalidade dinâmica entre casa e o universo, estamos longe de qualquer referência às simples formas geométricas. A casa vivida não é uma caixa inerte. O espaço habitado transcende o espaço geométrico. (BACHELARD, 1993, p. 62).


Na Roma Antiga, se acreditava que todo “indivíduo independente” possuía um genius, um espírito guardião. Esse espírito dá vida às pessoas e aos lugares, os acompanha do nascimento à morte e determina seu caráter ou essência. O genius denota o que uma coisa é, ou o que “ela quer ser”. Os antigos consideravam de extrema importância o estar de acordo com o genius da localidade onde viviam, porque a sobrevivência dependia de uma boa relação com o lugar, tanto num sentido físico como psíquico. Assim, em arquitetura, concretizar o genius loci significaria conseguir reunir numa construção as propriedades do lugar e aproximá-las do homem. Como vimos anteriormente, o habitar é apropriar-se de um lugar no mundo e é sinônimo do suporte existencial, do ser-no-mundo (Norberg-Schulz, 2005).


O espaço é repleto de elementos experienciados que estabelecem propriedades concretas do ambiente e com os quais as pessoas geralmente desenvolvem relações durante a infância (quando somos todos sentidos), sem a construção de filtros que possam interferir na essência da experiência. Essa materialidade, a partir da construção, é a arte de formar um todo com sentido por meio de muitos fragmentos.


Para muitos, os edifícios são testemunhos da capacidade humana de construir coisas concretas, já que o verdadeiro núcleo de qualquer tarefa arquitetônica encontra-se circunscrito ao ato de construir. Assim, é possível dizer que os materiais concretos são reunidos e erguidos, e que, consequentemente, a arquitetura imaginada se torna parte do mundo real.


Segundo Norberg-Schulz (1979b), o homem habita quando é capaz de concretizar o mundo em construções e coisas. A concretização é a função da obra de arte em oposição à abstração da ciência. As obras de arte concretizam o que fica entre os puros objetos da ciência. Assim sendo, o mundo da vida cotidiana é refletido em objetos intermediários que solidificam o cotidiano nas coisas e, portanto, concretizam o genius loci, percebido por meio de construções que reúnem as propriedades do lugar e as aproximam do homem.


Logo, o ato fundamental da arquitetura é compreender a vocação do lugar. “O homem, é parte integral do ambiente e que ele somente contribui para a alienação e ruptura do ambiente quando se esquece disso. Pertencer a um lugar quer dizer ter uma base de apoio existencial em um sentido cotidiano concreto” (NORBERG-SCHULZ apud NESBITT, 2013, p. 445).


Ao dizer que o homem é parte integral do ambiente, Norberg-Schulz nos ajuda a entender que aquilo que está internamente subjetivo permite um diálogo entre indivíduo e a subjetividade do seu mundo, permeado de valores de bens, de significados e de experiências pessoais, pois são essas experiências intersubjetivas variantes que alteram atitudes do mundo da vida cotidiana. A presumida intencionalidade, sempre presente no discurso arquitetônico, na verdade refere-se à relação entre os atos da consciência e como aparecem na consciência, e esta, por sua vez, se constitui a partir das experiências vividas.


Além disso, Norberg-Schulz confere sentido prático a abordagem fenomenológica que pretendemos trabalhar. Ele confirma a noção de Lugar como produto da experiência pessoal vivida, permeado de dimensões simbólicas, culturais, políticas e sociais, adquirindo identidade e significado através das intenções humanas atribuídas a ele, podendo ser traduzido para nós como principal campo de prova na abordagem cujas bases metodológicas estão associadas à fenomenologia, a partir do diálogo estabelecido entre o homem e seu meio, através da percepção, do pensamento, dos símbolos e do fazer (ação).


Acreditamos que é essa ideia de lugar e espaço, concebida por meio de sua essência fenomenológica, que permitirá que arquitetos e urbanistas busquem de maneira mais eficaz sua singularidade espontânea. O corpo é o ponto de partida para que a experiência cotidiana forneça dados, ainda como pseudorrealidade, passiveis de serem explorados como gatilhos criativos, a fim de contribuírem como futuros partidos projetuais a serem trabalhados em um processo de concepção para um determinado projeto de arquitetura e urbanismo. Esses gatilhos são estruturas singulares e fluentes, que visam fornecer sinais significativos para o receptor, o que significa atuar a partir desse tipo de entendimento e criar a partir deles.


Por esse motivo, que a concepção de experiência corporificada trazida por Merleau-Ponty é tão importante, pois, na visão fenomenológica, o sujeito apresenta-se diante de si mesmo e do mundo como um corpo sensível constituído através da sua experiência e vinculado, através da intenção, ao mundo e às coisas.


Essa experiência surge a partir de uma relação particular com cada lugar ou objeto, e essa relação baseia-se em uma perspectiva de mundo que busca extrair um tipo de leitura arquitetônica cuja essência, na visão de vários autores e arquitetos, influencia e afeta diretamente todo o processo de projetação através do estímulo à percepção derivada da existência cotidiana, por meio de um olhar inter-relacional.


Neste contexto, o habitar torna-se uma experiência fundamental do homem, no sentido exatamente idêntico ao que Merleau-Ponty (2011) dizia ser o mundo, pois, é essa experiência, fundamentalmente não conceitual da moradia, designadora de uma das formas originárias de estar no mundo.


Assim, nos referindo a arquitetura e urbanismo, a possibilidade de se concretizar o genius loci, significaria conseguir reunir numa construção as propriedades do lugar e aproximá-las do homem, pois o habitar é apropriar-se de um lugar no mundo, e é sinônimo do suporte existencial do ser-no-mundo. Portanto, a inter-relação do eu, o outro e o mundo (as coisas) faz com que o mundo fenomenológico não seja a explicitação de um ser prévio ou a concepção de uma preexistência, mas a fundação do sentido do ser. O “eu” existe no mundo pelo corpo e é através desta existência que, com o corpo, percebemos o mundo.


Para a fenomenologia da percepção, quando sentimos ou percebemos algo, isso é motivado pelas propriedades ativas com as quais temos contato, e não apenas por simples qualidades lógicas. Por isso, o caminho pelo qual a abordagem fenomenológica transita não tem sentido de método, tampouco deve tal abordagem ser entendida como conclusiva. Pelo contrário, pois abre direções repletas de novas indagações. Ela é transitória e mutante, e dependerá de cada indivíduo que se fizer explorar por seus questionamentos.




BIBLIOGRAFIA:


ABRAMOVIC, Marina. Pelas Paredes: memórias de Marina Abramovic. Editora José Olympio, 2017.

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. Antônio de Pádua Danesi. Rev. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins fontes, 1993.


DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. Trad. Werther Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2011.


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